A Arquidiocese do Rio de Janeiro foi criada em 16 de novembro de 1676 pela bula Romani Pontificis Pastoralis sollicitudo, do Papa Inocêncio XI, se desmembrando do Arcebispado da Bahia. Ao longo da História do Brasil, da Arquidiocese do Rio de Janeiro foram desmembradas 131 Arquidioceses e prelazias. Seu território atual abrange a cidade do Rio de Janeiro, capital do Estado homônimo. Geograficamente, está situada na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro.
A história da presença de religiosos no Rio de Janeiro, no entanto, se inicia bem antes quando, em 1565, o Pe. Gonçalo de Oliveira funda uma casa-igreja de pau-a-pique e palha no morro Cara de Cão, na cidade recém-fundada por Estácio de Sá, invocando o nome de São Sebastião. Tempos depois, a cidade é transferida para o Morro do Castelo e lá é erguida, entre 1568 e 1583, uma nova capela, bem simples, que contava com os paramentos da primitiva construção, para onde foram transladados os restos mortais de Estácio de Sá e o marco de fundação da cidade. A capela jesuíta foi elevada a Sé da cidade, que não possuía uma catedral própria. Os anos se passaram e a população da cidade passou a ocupar a várzea, expandindo a área ocupada, onde são construídas diversas ermidas. As ordens religiosas desembarcam na nova terra: primeiro foram os jesuítas, seguidos pelos beneditinos, capuchinhos e carmelitas, dentre outros.
Em virtude da dificuldade em subir e descer o Morro do Castelo para assistir às missas na capela de São Sebastião e realizar procissões, e devido ao seu péssimo estado de conservação, a Sé foi transferida para a Igreja Santa Cruz dos Militares em 1734, onde permaneceu até 1737, sendo novamente transferida, desta vez para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Por ocasião da vinda da corte lusitana para o Brasil, em 1808 a Capela de Nossa Senhora do Carmo foi elevada à condição de Capela Real e de Sé, e após a proclamação da Independência, recebe o título de Capela Imperial. A Capela permanece sendo a Sé e Catedral mesmo com a proclamação da República. Somente em 1979, com a construção da nova Catedral Metropolitana, a Capela deixa seu posto de Catedral e passa a ser conhecida como Antiga Sé.
Os marcos da ocupação pelos religiosos estão por toda parte na cidade do Rio de Janeiro, um patrimônio de grande valor histórico, artístico, cultural e religioso, e que precisa ser preservado. Dessa forma, com o patrocínio do Instituto Vale Cultural e a execução do projeto de inventário pela Procult, a Arquidiocese do Rio de Janeiro está procedendo ao levantamento e catalogação dos bens móveis e imóveis de sua propriedade de forma mais ampla e atualizada, com a utilização de modernas tecnologias, com o intuito de preservar a memória da cidade e salvaguardar tão precioso acervo. É preciso ter bases sólidas para lançar nosso olhar ao futuro com confiança. Relembrando as palavras do Papa Francisco:
[...] a busca da verdade é uma questão de memória, de memória profunda, porque visa algo que nos precede e, desta forma, pode conseguir unir-nos para além do nosso « eu » pequeno e limitado; é uma questão relativa à origem de tudo, a cuja luz se pode ver a meta e também o sentido da estrada comum. (Francisco, Encíclica Lumen fidei, 2013)