A Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro tem o início de sua história documentada em 1567, dois anos após a fundação da cidade. Pelos serviços prestados na luta contra os índios tamoios e os franceses para a conquista da cidade, o capitão-mor Cristóvão Monteiro recebeu suas primeiras sesmarias, abrangendo parte de Guaratiba e de Santa Cruz. Atualmente, aquela imensa área é composta pelos bairros de Deodoro, Realengo, Padre Miguel, Bangu, Senador Camará, Campo Grande, Santíssimo, Inhoaíba e Cosmos.

A devoção à Virgem da Lapa nasce em Portugal justamente na época dos grandes descobrimentos. Em 1576 os jesuítas se estabelecem na Serra da Lapa em Portugal e constroem um santuário dedicado a Nossa Senhora da Lapa, impulsionando fortemente esta devoção. Com o povoamento das recém fundadas colônias portuguesas no além-mar, muitos devotos da Senhora da Lapa cruzam os oceanos para desbravar essas novas terras à procura de riquezas e de uma vida melhor.

Algumas famílias oriundas da Beira-Alta se estabelecem nos sertões da cidade, mais precisamente em terras de Francisco da Costa Homem, que havia fundado um engenho de cana-de-açúcar na fazenda comprada a Francisco Viegas de Azevedo e sua esposa D. Joana do Soveral em 1621. Essas famílias trazem consigo uma imagem da Virgem Maria, a quem invocam sob o título de Nossa Senhora da Lapa. E é através deles que a devoção vai se estabelecendo nos limites do engenho, com a referida imagem peregrinando pelas casas dos sitiantes, por não ter ainda um local para devoção.

Já no século XVIII as terras vão a leilão, sendo arrematadas pelo Capitão Francisco Garcia do Amaral. Em 1763 nasce na fazenda seu filho Antônio, que vem a adoecer gravemente alguns anos depois. Seus pais recorrem à Nossa Senhora da Lapa, implorando a cura de seu filho, e a graça é alcançada. Como pagamento à promessa feita, o Capitão Francisco do Amaral e sua esposa D. Ana Antônia do Espírito Santo constroem uma capela contígua à sua casa, dedicada a Virgem da Lapa, e entronizam nela a venerada imagem. Junto com a capela, também doam uma faixa de terra, formando assim o seu patrimônio. A Capela de Nossa Senhora da Lapa é inaugurada em 18/12/1770 com Missa Solene e procissão. 

No final do século XIX é inaugurada a Fábrica Bangu, que vem a trazer um grande desenvolvimento a toda a região, e com isso um enorme crescimento populacional. Com a chegada do trem na região através do ramal de Mangaratiba, foi inaugurada a estação Senador Camará, em 1º de junho de 1923, que também vem a ser o nome do novo bairro, em que os proprietários da Fazenda do Viegas começam a lotear as suas terras, vislumbrando seu crescimento. A pequena capela da fazenda já não comportava o grande número de fiéis. Atendendo ao pedido sua esposa D. Jacintha Paiva e de suas cunhadas, que zelavam pela capela e ensinavam o catecismo, o sr. Cristóvão Vieira Alves, proprietário das terras à época, doa um terreno na rua Albino Paiva e nele manda construir uma nova e maior igreja, cuja pedra fundamental foi benta e lançada pelo Cônego Olímpio de Melo em 01/09/1929.

Com grande festa foi inaugurada em 01/08/1934 a nova Igreja de Nossa Senhora da Lapa, sendo a venerada imagem da Santíssima Virgem Maria trasladada em procissão vinda da capela da fazenda para o se novo trono. Em missa solenemente celebrada pelos padres Elias Dupuy, Basílio Roman e Marcelino Guerreiro, a nova igreja foi benta e entregue a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que a elevou a paróquia em 01/01/1945.

Referências:

KELLER, Márcio. ArqRio na História, 2º edição. 

Transcrição do texto disponível em https://www.facebook.com/page/101340504690352/search/?q=senador%20camar%C3%A1 12 set 2021. 

Acesso em 03 jun. 2022.

NICOLA, Patrícia. A Zona Oeste do Rio de Janeiro como eixo de expansão urbana para habitação de interesse social: Considerações a partir do Programa Minha Casa Minha Vida em Senador Camará. Dilemas, Rev. Estud. Conflito Controle Soc. 14 (03), Set-Dez 2021 – pp. 843-858 

Disponível em: https://doi.org/10.4322/dilemas.v14n3.35682 

Acesso em 03 jun. 2022.