Igreja de Nossa Senhora da Saúde
Rua Silvino Montenegro Nᵒ 52 – Gamboa
Rio de Janeiro – RJ
CEP: 20220550
PROPRIETÁRIO:
Mitra Arquiepiscopal
Portada única, com verga e sobreverga em arco abatido. Como elementos ornamentais, constam duas barras de cornija com pequenas volutas, absorvidas pelo primeiro plano da portada, logo abaixo do chanfro da verga. Possui soleira original. O segundo pavimento apresenta apenas uma grande janela na altura do coro, possivelmente posta em momento posterior, em arco pleno e com parapeito não original fixado. Acima, há o óculo, já na altura do tímpano do frontão, que, triangular, não é composto por cornija na parte inferior e possui empenas interrompidas, criando dois planos de linhas e conferindo movimento. Ainda sobre o óculo há uma pequena cartela em forma de rocalha arrematando a ornamentação. Os dois cunhais tem dois capitéis do tipo toscano sobrepostos, com plinto na base. Acima das empenas, há um acrotério feito com duas grandes volutas simétricas, um óculo central e encimados pela cruz. Há uma torre lateral na esquerda da fachada, com duas fenestras retangulares para respiração e campanário simples em arco pleno, onde se encontra o sino da igreja. Todas as pilastras são encimadas por pináculos e a torre possui terminação bulbosa e cruz na grimpa.
A construção desta Igreja é resultado de empenho dos devotos de Nossa Senhora do Terço que tendo obtido provisão por intermédio do traficante de escravos Manoel Costa Negreiros, puderam edificar sua própria capela, concluída por volta de 1750. No final do século XVIII, a atual região da Saúde era conhecida como Valongo (ou Valonguinho). No Guia dos bens tombados, vemos uma informação diferente: “Devotos da Virgem do Terço resolveram em 1722 instituir uma confraria, solicitando à Irmandade de São José uma capela para abrigar a imagem da sua devoção. Com o aumento do número de devotos, decidiram, em 1842, pedir cessão da Capela do Senhor dos Passos, que lhes foi concedida. Mais tarde, ao serem elevados à categoria de Ordem terceira, resolveram realizar importantes obras no templo, que é a atual Igreja.” In: CARRAZZONI, Elisa. Guia dos bens tombados. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1980. A futura área portuária do Rio de Janeiro consistia-se então em uma estreita faixa de terra espremida entre a baía de Guanabara e uma série de pequenos morros, que praticamente isolavam aquela região do núcleo urbano. O afastamento fez com que aquela área fosse pouco habitada até o século XIX. Naquela região, de topografia acidentada e litoral recortado, foram construídas diversas chácaras, muitas das quais possuíam suas capelas particulares.
As capelas eram construídas devido ao fato daquelas propriedades ficarem afastadas das igrejas matrizes do núcleo urbano. Em 1898 foi fundada a Irmandade de Nossa Senhora da Saúde para administrá-la, mas somente em 1900 a Igreja passou aos cuidados da Confraria. O frontispício da Igreja é dominado por uma singela portada de granito, com verga arqueada, a torre sineira está colocada ao lado da epístola, e possui arremate bulboso. A talha da capela-mor apresenta algumas imagens antigas. Sua nave única é revestida de azulejos da segunda metade dos setecentos, narrando a vida de José do Egito. Coro e púlpito são arrematados por trabalho em talha de madeira. Na sacristia disposta lateralmente existe um lavabo com embrechados de azulejos e louça da Companhia das Índias.
Tombamento IPHAN 36-T-1938 – livros de História e Belas Artes.